Um mal fascinante

23:31 Filipe de Fiuza 0 Comments


Diz-me Libertino
Nessas olheiras estranhas
Atormentadas pelo destino
Que pensamentos acalentas no coração vazio?

Um gosto insaciável pelo obscuro e pelo incerto Certamente
Não me queixo como Ovídio
De ter perdido o paraíso

Pelo contrário
É nos teus céus rasgados como falésias
Que meu orgulho se contempla

Aquelas nuvens imensas
Estão de luto por meus sonhos lixados

O luar libidinal que te passa pelos olhos
São reflexos de inferno
No meu coração realizado

Charles Baudelaire

Fotografia de Andrew Shtcherbakov