Filipe de Fiúza participa em debate sobre «Cultura e Crise»
Debater os caminhos da cultura em tempos de recessão e sobretudo os caminhos que deve percorrer num quadro complexo em que o Verbo é asfixiado pela Verba foi o que a Alagamares procurou, num encontro-debate no dia 17 passado no Bar Sabot, em Sintra. Num painel vivo e participado, personalidades como Luís Filipe Sarmento, Filipe de Fiúza, Jorge Telles de Menezes, Fernando Morais Gomes, Filomena Oliveira, Rui Mário e muitos outros debateram a forma como Sintra, pode pela inscrição activa dos agentes culturais, desenvolver sinergias que potenciem resultados multiplicadores, afastando o “sindroma do pânico” que a não acção poderia gerar.
Consensualizou-se que há realidades diversas e registos diferenciados que importa conhecer e reconhecer, apostando na democracia cultural e reflectindo sobre os números da cultura, tendo por pano de fundo recentes relatórios que espelham o facto de em Portugal 2,8% do PIB ser originado nas indústrias criativas empregando mais de 127 mil activos.
Patologias como a disseminação dos agentes culturais, a falta de espaços com infra-estruturas, programadores culturais que criem cultura e não se limitem a reproduzi-la, o reconhecimento das vantagens criativas de Sintra e a necessidade de fixar e auscultar públicos foram temas trazidos para a mesa, reconhecendo-se que muito há ainda a fazer, em prol dum cluster-âncora identitário, contrariando o fatalismo da Geração Deolinda.
Sintra tem anualmente mais de 600.000 visitantes nos seus palácios. Que oferta cultural suplementar lhes é oferecida depois do excursionismo? Que papel podem e devem ter os agentes culturais na captação desses públicos bem como dos cerca de 450.000 residentes do concelho? O branding em torno da marca romantismo será o que melhor pode caracterizar a Sintra multicultural e da geração das redes sociais, onde vive uma das maiores faixas de jovens do país?
Cultura produtiva ou cultura reprodutiva? Agentes culturais passivos ou interventivos? Que papel para os agentes culturais na tomada das decisões para melhor desempenharem o papel de parceiros e não de dependentes? Estes e outros temas foram abordados, na óptica de que o diálogo permanente e que questione e não se limite a reproduzir o rosário das carências é necessário, ouvir as vozes no processo de empowerment, em prol da maturidade construtiva e organizada. Outros encontros se seguirão em breve, visando assentar baterias num objectivo estratégico e prático que concretize Sintra como cidade criativa e inteligente e os seus actores culturais como agentes de mudança, inovação e valor acrescentado, pessoal e colectivo.
Cortesia de Associação Cultural Alagamares