Processo social dos tempos modernos
Toda a gente procura um sentido para a vida. Não para a vida em geral mas para a sua própria vida. Todos querem saber por que razão existem e o que devem fazer com a sua existência. Desejam sentir-se produtivos e realizados. A maioria quer ser feliz.
Viver numa cidade moderna é como estar preso numa grande máquina cheia de engrenagens, atirado de um lado para o outro em movimentos repetitivos. A máquina só permite uma opção aos pobres ratos humanos que correm loucamente dentro dela. Ou conseguem acompanhar os andamentos ou, então, são transformados num hamburger. A máquina não tem piedade e não permite aberrações.
Aqueles que sucumbem à implacável canção do aço tornam-se escravos, não dos outros homens, mas do deus calculista da sociedade contemporânea, deus que baptizei de Mechanos, cujo critério único é a eficiência. Aqueles que optam por sair do sistema ou que não conseguem andar a par do mecanismo são destruídos. Durante alguns momentos, podem passear-se entre as linhas de montagem enquanto os seus pares mais tímidos trabalham, mas, mais cedo ou mais tarde, escorregam e, tal como Charlie Chaplin em Tempos Modernos, são consumidos pelo processo social. Acabam nas prisões, nos sanatórios ou em caixões.
Fotografia de Andrey Astrov