Há coisas que não conseguimos interromper
Há coisas que não conseguimos
interromper. Não é possível derrubar o progresso, tal como não é possível
desligar a poesia aos homens. Tudo é o mesmo. Sabemos que sim. E havemos todos
de morrer entre os progressos dos armamentos, os progressos dos prazeres
silenciosos, os progressos das ilusões progressistas, os progressos das
excelsas glórias, progressos, progressos e mais progressos...
Onde está o progresso na poesia do
mundo? Onde está a poesia do progresso do mundo? Tudo é o mesmo, tudo está no
paraíso.
Havemos todos de morrer porque não
conseguimos interromper a morte com a vida, sabemos que não conseguimos, e que
não há progresso sem armas, que não há progresso sem prazer, que não há
progresso sem ilusão de progresso, que não há progresso sem glória prometida,
não há, porque tudo é o mesmo e porque havemos todos de morrer e não progredir
nada, desligados do mundo, desligados das coisas do mundo, da poesia do mundo.
Oh homens, acordai e vivei o progresso
mais feliz, o paraíso é quando nada morre e na poesia nada morre. Sabemos que
sim, que a poesia é a essência do progresso do mundo, tudo o resto é
interrompível.
08-11-2013
Filipe de Fiúza
(inédito)
Fotografia de Reda Danaf
Fotografia de Reda Danaf